Nos círculos roqueiros, John Bonham é, disparadamente, o nome mais citado quando o assunto é bateria. Ele é quase uma unanimidade em matéria de importância para a história do instrumento. Seus solos longos e vigorosos no meio dos concertos do Led Zepellin colocavam a bateria no centro das atenções, como uma parte importantíssima do espetáculo. Poucos bateristas têm talento e estrela suficientes para alcançar tal feito. Só isso já renderia muitas reverências, mas há mais. Trinta anos depois de suas performaces mais marcantes é fácil dizer que Bonham não apresentava exímio domínio técnico nem poderia ser considerado um instrumentista virtuoso. Ao primeiro contato com bateristas extremamente técnicos (Vinnie Colauita, Dave Weckl, Billy Cobham etc) fica a impressão de que Bonham não merece a popularidade que carrega, porém só sustenta uma ideia dessas quem aprecia a bateria (e a música em geral) como competição, não como arte.
Mesmo uma apreciação fria e técnica de seus solos revelaria excelente domínio do instrumento, velocidade acima do comum e utilizada com bom gosto e desenhos de viradas muito bem construídos (na maioria das vezes utilizando frases lineares). Mas o ponto forte de suas performances, aquilo que só Bonham legou a toda uma geração futura de bateristas – que inclui Dave Grohl (Nirvana), Mike Bordin (Faith No More) e muitos outros – consiste no peso das notas, na pegada, na energia que sai dos punhos, atravessa baquetas e peles e chega, arrebatadoramente, aos ouvidos da plateia. Ou seja, a importância de Bonham está no fato de ele cumprir, a um só tempo, a função de divisor de águas (pois funda uma nova forma de tocar, uma nova intenção) e de rica fonte de estímulos aos sentidos (pois é difícil não se enlevar pelos seus grooves tribais). E isso só um instrumentista-artista grandioso é capaz de fazer.
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